quinta-feira, 11 de outubro de 2007

SOBRE KICHUTES E CHUTEIRAS por Sérgio Vaz

Em outubro é o mês em que se comemora o dia das crianças, depois do natal, esse é o dia mais aguardado para qualquer menino ou menina, pois, teoricamente é um dia para receber presentes.Pra ser sincero não tenho boas lembranças dessas datas, na minha casa a roupa sempre foi muito mais importante do que brinquedo, por isso, desde cedo aprendi a brincar só com os meus botões. Sem carrinho pra dirigir, cheguei de kichute na adolescência, e com os pés cheios de calos no coração.Naquela época não era fácil entender que existia um dia só para as crianças, mas ao mesmo tempo, só para algumas crianças. “Quem será que ensinou aos adultos a serem tão cruéis?”. Pois somente um adulto é capaz de ensinar uma criança a ter raiva e inveja ao mesmo tempo.Raiva porque as ruas nesses dias eram tomadas de cores e luzes da felicidade alheia, e inveja por que essas cores e luzes não brilhavam no meu quintal. De quebra também aprendi a odiar o Playcenter e o Papai Noel. Bom velhinho, sei... No caso das meninas fico pensando que também não devia ser diferente, não deve ser fácil acalentar a boneca da vizinha e chamá-la de minha filha ao mesmo tempo. Brincar de babá aos seis anos deve doer tanto quanto ser motorista aos sete. Sorrir com a alegria emprestada... é muito sério ser criança.Descobri que somos o país do futebol porque uma única bola, não importa de quem seja, é capaz de fazer a alegria de um bairro inteiro, e nessa hora não importa quem ganhou presente ou não. Para quem não sabe o futebol também é um esconderijo de crianças tristes e solitárias. Descalços ou não,uns chutam a bola, outros a vida. Não estou fazendo propaganda de supermercado e nem sei se as pessoas se tornam melhores porque na infância ganharam brinquedos ou não, só quis lembrar um tempo em que o algodão não era tão doce. Se vão presentear seus filhos, para que não se tornem poetas tristes como eu, não esqueçam, as crianças gostam que os pais venham como acessórios. Ou quem sabe, o contrário.Nesses tempos onde as mães jogam os filhos no lixo, haverá um tempo que a gente não lembrará mais a falta dos brinquedos, e sim das crianças.

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SALVE PRAS CRIANÇAS por Dé (Mentes Urbanas D.C.I.)

E aí molecada de todas as sofridas periferias brasileiras, meu salve é pra todas as crianças sem exceção, especialmente, para aquelas que no seu mundo de exclusão, não existe “dia das crianças”, aquelas que não irão ganhar presentes, não terão uma Barbie, um Hot Wheels, um Play 2, aquelas que lutam por sobrevivência, aquelas que torcem pra no outro dia ter o que comer, aquelas meninas exploradas na prostituição infantil, garotos explorados nos trabalhos desde cedo, aquelas milhares desnutridas ou os “falcões do tráfico”, que morrem nas armas dos “super-heróis, do BOPE, Rota, Choque, etc.
Já imagino a mente daquela criança, revoltada fazendo encher seus olhos de lágrima por não serem consideradas brasileiras, pois sé é quem tem, lágrimas de desgosto que pingam misturando-se a terra na beira de um rio poluído e se pá, muitas vezes acha que a culpa é de seus pais, aqui é o Brasil crianças, na terra das injustiças só tem valor àquele que é corrompido pelo dinheiro, mas vocês desde já, não se apeguem aos bens matérias, pois são ilusão e são passageiras, desliguem a TV, se apeguem de vez ao que sobrou do ensino nas escolas brasileiras, leiam bastante pra não cair na armadilha, talvez a leitura seja a luz no fim túnel, pois ela tem o poder de mostrar a verdade, quem somos nós e quem é nosso inimigo, lembrem-se amor ao semelhante sempre, respeito e coragem pra enfrentar a “guerra”, felicidade é ver a família unida, é correr, brincar, pular, ver como é bela a natureza, ver um pôr-do-sol, o cair da tarde, as estrelas, ouvir o barulho das águas de uma cachoeira, pois há crianças que nem isso podem fazer.

SER CRIANÇA por Deise Resende

Pode ser andando
Pode ser correndo
Pode ser pulando
Pode ser voando
Pode ser navegando
Pode ser arrastando
Pode ser sorrindo
Pode ser alegre ou triste
Mas vamos ser criança
Vamos ser criança
Pular e correr
Vamos ser criança
Pro céu merecer
Como Jesus mandou
Da criança se faz o reino
Foi ele que falou.

AO MUNDO por Maurício (Mentes Urbanas D.C.I.)

No chão de concreto, um pequeno vão. A raiz da harmonia recebe uma luz, gotas de água de carinho escorrem e deslizam pela gratidão. Nove meses no máximo um ser a evoluir, cresce, cresce, cresce... Pequenas partes aparecem. Pelo mesmo vão daquele chão brota para a mesma luz a iluminar, a planta que a natureza semeou uma criança dali livremente viverá!

Informativo: GUERRILHA DCI - ESPECIAL mês das crianças